sábado, 24 de fevereiro de 2018

Marguerite-Florence : a fantasia como anteparo ao real


de  Henrique Senhorini 

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Dois filmes, uma história. Um filme é norte-americano: “Florence – Quem é essa mulher?”, do diretor Stephen Frears. O outro é francês: “Marguerite”, do diretor Xavier Giannoli. Ambos com atrizes para mais além da competência : Meryl Streep cuja atuação, como Florence, lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar como melhor atriz em 2017 e Catherine Frot, interpretando Marguerite Dumont, venceu o premio Cesar (considerado o Oscar francês) de 2016.
Os dois filmes, por coincidência proposital ou não, foram produzidos e lançados quase que concomitantes sendo separados na linha do tempo, quiçá, pelo fuso horário e ou pelo tempo utilizado para cruzar o oceano Atlântico que separa o continente americano do europeu. Ambos tratam da história de Florence Foster Jenkins. O norte-americano se apresenta como se fosse biográfico e o europeu como obra baseada, inspirada. “Florence” é ambientada em Nova Iorque da década de 40 do século XX e “Marguerite” em Paris e seus arredores na década de 20, também do século XX. Nos dois filmes as duas grandes guerras mundiais contextualizam, com o nacionalismo e a elite de suas sociedades, o pano de fundo de suas histórias. Mas estes, apesar de relevantes, não foi minha preocupação principal nos filmes. A minha preocupação em escrever foi e é sobre a importância da fantasia como proteção frente ao real. O real, que por ser o limitador da expansão do imaginário,  “condiciona justamente a estabilidade do fantasma” 1 , a estabilidade da fantasia. Sobre a importância da fantasia como indicador de desejos, como encobridora da falta, em nossas vidas para que continuemos a sonhar.   E com sua  travessia (a travessia da fantasia) – promovida pela psicanálise através de sua experiência, feita com muito tato até a destituição subjetiva, quando possível – sonhar novos sonhos e dar novos sentidos em nossas vidas até o despertar. Mas “o despertar” 2 como idealizamos (amplo, geral e irrestrito), assim como a felicidade plena, é da ordem do impossível para nós humanos.  Tanto o despertar quanto a felicidade são fugazes, efêmeros. Destes são possíveis, somente, “momentos fugidios” 2.
Ah! Escolhi escrever sobre o filme “Marguerite”, pois - sendo uma obra apenas inspirada na vida de Florence Foster Jenkins -  creio que assim não corro o risco de falar sobre a vida dela (da Florence verdadeira, que nada sei) e sim da personagem apresentada como Marguerite Dumont. E claro que escrevo com spoilers.  Mais uma coisa: os dois filmes são imperdíveis!
Ao filme...

         O diretor Xavier Giannoli inicia seu filme quase do mesmo modo que os dispostos às entrevistas preliminares de uma experiência psicanalítica começam seus percursos. Assim como nas entrevistas, onde os significantes mestres do sujeito se apresentam com força para depois saírem de cena e atuarem somente dentro das escuras coxias de um teatro, o diretor dá todas as dicas sobre onde o filme irá ancorar sua narrativa principal logo nos primeiros minutos de sua exibição.  Ele começa nos apresentando um concerto particular, um “Récital privé”, em realização ,os ena﷽﷽﷽rcursosdo quepois mestreserina mansão da rica baronesa Marguerite Dumont, para um grupo formado pela alta sociedade parisiense do qual ela é a grande benemérita. Amadeus, o nome do grupo, tem como objetivo deste evento angariar fundos para os órfãos da guerra, da primeira grande guerra mundial. Uma causa nobre que tem na apresentação da própria baronesa o ápice do recital, pois Marguerite é apresentada - e se deixa apresentar - como uma grande cantora da ópera do circuito mundial. Fotografias suas em porta-retratos espalhados pelo salão fornecem indícios de sua grandeza estrelar. Fotos dela pousando com os figurinos das grandes apresentações, realizadas nos palcos dos maiores teatros europeus, corroboram para dar embasamento dessa hipótese. Falso! Mal sabem que é o seu mordomo que cria os ambientes para os instantâneos de sua baronesa com as roupas compradas dos grandes espetáculos. Madelbos, o mordomo, alimenta com tamanha maestria esta fantasia - de uma superdiva da ópera - que até a própria Marguerite aceita-a como realidade e de bom grado. Esta se tornou sua realidade, desde muito tempo, mesmo desconfiando de si mesma, em alguns brevíssimos momentos, que ela não era a predecessora de uma Maria Callas.
“A realidade é isto: uma janela fantasística que “revela” o mundo para o sujeito.” 3  

Chegou o momento de sua apresentação. Marguerite se prepara aguardando a presença de seu sempre ausente marido na plateia. Ele, por sua vez, simula uma quebra no seu carro esportivo, sua insígnia fálica, preparando o álibi de seu atraso. A baronesa, mesmo um pouco entristecida pela a falta do olhar de seu esposo lhe causa, capricha na voz! Os nobres e os ricos burgueses, que formam sua plateia, assistem atônitos sua apresentação. E ao fim desta, ela é aplaudida com entusiasmo. Aparentemente agradou a todos emprestarem seus ouvidos para aquele canto, um canto que mais parecia uma mixagem do som de uma gralha azul com araponga e ambas desafinadas. Seria cômico se não fosse trágico. Aqui, não só aqui, o aparente mente onde se faz presente a hipocrisia.
         Pobre menina rica! Pobre Marguerite! Casada com Georges, o barão, – que dá a entender que casou com ela por dinheiro, pois um barão falido é somente mais um barão falido – não encontra nele o retorno libidinal tão caro para qualquer um de nós. Amamos, também, para sermos amados. Investimos para termos retorno do nosso investimento. Somos todos interesseiros e isso é legítimo. Só que não há garantias, é sempre uma aposta. E tudo o que a baronesa mais queria era o olhar do Outro. Mas deste, via seu esposo, seria difícil.
Através de sua paixão pela música, através do cantar, ela começou a acreditar que poderia, também, alcançar seu Nirvana. Se esforçou, trabalhou muito no seu intento, no mínimo, a dignidade do cantar. Com isso, também buscava ser admirada e reconhecida por Georges.
E assim, “cercada de drogas e de amigos inúteis ninguém pensaria que ela quer namorar” 4. Drogas feitas de interesses mais que obscuros de amigos aristocratas inúteis que sustentavam o manequim atraente de sua fantasia. Seria uma troca: dinheiro por uma cota de olhares. Era o preço a pagar para manter seu quantum narcísico em níveis de prudência. Madelbos, este talvez movido por e com-paixão, se torna o zelador e o ornamentista da realidade fantasística da patroa.  
         O narcisismo é isto, fundamental e estruturante do sujeito. Não é bom nem ruim. Seus excessos que são perigosos. Tanto excesso de muito quanto excesso de nada podem causar grandes danos, alguns irreparáveis.
         Marguerite cada vez mais sufocada, triste e solitária, sabendo que nada quer saber sobre o romance que seu marido mantém com uma amante, sai em busca de uma vida mais feliz que possa ser verdadeiramente sua, que possa lhe despertar e envia-la para um novo mundo, uma nova vida. E por ser novo, desconhecido. É preciso coragem. Mas, também, cuidado em que se deseja.
         Além muros, fora da bolha, Marguerite amplia seu leque de laços socais. Conhece artistas, fica fascinada e seduzida pelo novo mundo que se descortina diante de seus olhos! Este se mostra espetacular, um colírio balsâmico para suas retinas cansadas de guerras. Quer pertencer a este mundo a qualquer preço, sente-se atraída por ele. Sua via de acesso à uma nova cidadania, pensa ela, será a de se apresentar em um grande teatro para um grande público. Assim, teria múltiplos olhares de outros que poderiam fazer suplência do olhar do Outro, do amado esposo. Originalmente este pensamento não é seu, mas torna-se.
“Se a fantasia é uma construção simbólica-imaginária, a base sobre a qual se constrói é eminentemente real, o vazio do real.” 5.
E após hercúleo e ou quixotesco período de preparação, dela e de seu entorno, chega sua grande chance. Deixando de usar o quase, que a protegeria do perigo da certeza, a baronesa Dumont está convencida que ela é uma grande cantora de ópera e a noite será a de sua consagração. Reconhecimento via o olhar do Outro, do marido, ainda que tardia! Este era o mote que a guiava,  como um astrolábio, buscando as estrelas, dos antigos navegadores. Ela está resoluta em bancar o impossível, através de sua identificação subjetiva: a cantora de ópera, seu ideal. Esquecemos, com certa facilidade, que “o ideal faz parte do real” 6.
Abram-se as cortinas! Teatro grande, casa lotada. O seu show começa causando estranheza nos ouvidos da plateia e esta logo se transformaria em uma grande careta de escárnio para a pobre Marguerite. Entre gargalhadas profanas ela solta a voz ao mesmo tempo que busca o olhar do Outro, do esposo, do escolhido, como se sentisse a iminência de um encontro com o real. Procura o olhar, mas não encontra, pois  Georges está em posição que mais parece com a de um avestruz com sua cabeça escondida em um buraco no solo.
“A fantasia se situa no patamar escópico na relação do sujeito com o Outro e, nesse momento, o sujeito, ao retirar da janela sobre o real o quadro da fantasia, “vê” sua segurança “soçobrar”, ou seja, vê desabar o lugar assegurado do quadro fantasia.” 7.
Marguerite, sem esse apoio do marido, desaba antes do terrível encontro cuspindo sangue pela boca. Providencialmente suas cordas vocais, levadas ao alcançar o impossível, sentem o golpe do esforço e seu corpo, com a aproximação do real, cai salvando-a do pior. Socorrida, ela ainda encontra forças para perguntar docilmente ao esposo se gostou de sua apresentação.
         No hospital, no qual se encontra internada para recuperação de seu corpo, a cantora de ópera Marguerite assume o posto do timoneiro. Talvez por suspeitar que há alguém que lhe habita e que saiba de sua verdade, saiba do seu dublê. No fundo - e ou na frente - “somos todos dublês” 8. Como se fosse sua versão de construções em análise, só que sem análise e analista, ela desconstrói e reconstrói - atravessa e até transforma partes de sua história encima do que mantém - a sua mais nova biografia. Seria uma maneira de tentar esquecer o ocorrido? Esquecer até o ponto no qual se esquece que o se esqueceu? Desta forma continuaria protegida de uma desumanização? Seria uma tentativa desesperada de tamponar o furo do real, para que este não a invada, trazendo consigo sua devastação? Quem sabe?

abro um parênteses aqui
“Esquecer o que se esqueceu: fórmula através da qual Lacan afirma o que está em jogo no recalque e que permite que se diferencie o recalque do mero esquecimento – o recalque é um duplo esquecimento.” 9.
fecho parênteses

Para o médico, que cuida de Marguerite no hospital, ela está em processo de enlouquecimento. Para ele, a única maneira de tentar trazê-la de volta para a “realidade” é através de uma técnica - muito parecida, se não for a própria – behaviorista chamada de inundação. Técnica esta utilizada pela psicologia comportamental para casos de fobias. Mas, como o doutor pretende fazer isso? Simples! Num repentino ataque de genialidade, o médico monta sua estratégia: gravar a voz própria de Marguerite cantando uma das árias, de seu repertório particular, para ela se ouvir em um outro momento preparado. Triste, para não dizer terrível, a solução formulada. O doutor deveria saber, caso tivesse acesso a esse saber, que não se promove uma destituição subjetiva selvagem. É preciso muito cuidado, muita sensibilidade, muito tato para não se usar uma mão pesada mais além do suportável para com seu paciente. Cada um é um singular. Não se carrega na tinta para não estragar a obra. Assim como nas psicoses não se retira um delírio sem deixar algum ponto de ancoragem para o psicótico não surtar, não se promove uma destituição subjetiva que poderá lançar o paciente sobre o caos pendurado pelo nada. Mas, sempre com boas intenções, o doutor de garganta aposta em seu procedimento seguindo seu manual protocolar.
         É chegada a hora do “experimento”. A cantina do hospital está preparada para tal. As cadeiras estão dispostas para acomodar seu petit comité. Seu marido, atrasado como sempre, corre desesperado com seu carro para tentar barrar esse espetáculo, após sentir que este poderia se tornar uma grande tragédia. Marguerite é conduzida para a apresentação. No lugar de cantar, desta vez escutaria a gravação de uma ária cantada por ela. O médico dá inicio a sua técnica, posicionando o instrumento reprodutor da gravação bem próximo do ouvido da baronesa. Em alto e bom som ela escuta. As primeiras notas musicais invadem o recinto. Marguerite se vira para o gramofone, olha para dentro do condutor de som e se reconhece. Na excelente interpretação da atriz Catherine Frot, percebemos, com o seu olhar, a denuncia que chega até Marguerite de seu apocalipse. Ela se reconhece na voz estridente que ofende qualquer ouvido humano e algo de terrível acontece com a baronesa. A impressão que nos dá é a de que ela está escutando um som proveniente do além do sobrenatural. Como se o furo do real, localizado em sua fantasia, houvesse se transformado numa grande boca escancarada cheia do vazio. E algo do inominável, do indizível, da “irrepresentabilidade da Coisa” 10 a invade do mesmo modo que a indelicadeza tsunâmica invade a terra devastando tudo e todos pela frente. É demais para a pobre rica Marguerite. Seu corpo cai novamente, mas desta vez com zero de tensão. Estava morta.
“Amor e morte [Eros e Thanatos] se localizam no mesmo lugar e, numa continua rivalidade, brigam por um espaço maior, mas não vivem um sem o outro.” 11. 
Teria sido Marguerite traída pelo desejo?

 1- Colette Soler em “O inconsciente – que é isso?” – p.184.
 2- Coutinho Jorge em “A clínica da fantasia” – p.227.
 3- Coutinho Jorge em “A clínica da fantasia” – p.219.
 4- Lobão em “Radio Blá” – música
 5- Coutinho Jorge em “A clínica da fantasia” – p.246.
 6- Christian Dunker em “The Fall – Dublê de Anjo” – blog CineFreudiano
 7- Antonio Quinet em “Um olhar a mais” – p.268.
 8- Christian Dunker em “The Fall – Dublê de Anjo” – blog CineFreudiano
 9- Coutinho Jorge em “A clínica da fantasia” – p.229.
10- Christian Dunker em “The Fall – Dublê de Anjo” – blog CineFreudiano
11- Coutinho Jorge em “A clínica da fantasia” – p.237.
Trailer

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Mãe! - de Darren Aronofsky

de Eliana Holtz

Durante o filme, foi um trajeto confesso, angustiante e um tanto indigesto. Não é um filme que se assista despretensiosamente, é recheado de simbolismos, metáforas, representações, carece um olhar mais nas entrelinhas, por isso é um filme pouco palatável, não sei ainda se gostei ou não do “prato”.

Resumidamente, mas muito resumidamente mesmo, trata-se de um casal, ele poeta famoso, que perde sua inspiração para escrever, ela sua esposa que faz de tudo para que ele encontre novamente a tal inspiração. Vivem em uma casa “nascida” no meio do nada, o que já faz uma alusão bíblica da criação, quando a Bíblia nos conta que “a terra era sem forma e vazia” lá em Gênesis, embora o filme nos ofereça interpretações dessa natureza não é sobre isso o meu engasgo.

Os personagens não têm nome, e nisso já fui pinçada, o nome é algo que nos identifica, nos diferencia nos conta a nossa própria história, é da natureza humana dar nome às coisas, o bebê nasce e logo recebe um nome, aliás ele já é assunto bem antes de nascer, é sempre alvo dos desejos de seus pais. No filme também tem um bebê, filho do poeta e de sua esposa, não havia fala sobre o bebê, nem desejos sobre ele, nem nome para ele.

Outro aspecto importante é sobre o ambiente e seus desdobramentos, tudo foi se tornando um caos permissivo, concedido, acatado, aceito. Se no nascimento de uma nova vida, não houver amparo o bastante, a morte é o destino, a física e a psíquica. Há quem, no entanto, esteja a mercê de outras forças maiores, guerras, desastres, fome, pobreza, mas ainda assim há o braço materno ali, mas o que me rasgou mais um pouco, foi perceber que há situações as quais deixamos que aconteçam, por exemplo, o desamparo emocional.

Nós somos seres capazes de edificar e destruir.

A esposa sozinha, cuidava de tudo na casa, desde os mais simples afazeres domésticos até as mais “pesadas” tarefas como as de reforma, sim, ela é quem reformava a casa do poeta, e me pareceu como uma gestação, a casa como um útero, e a esposa um grande cordão umbilical ligada ao corpo do marido, essa imagem mental foi outra coisa que me pinçou. Para ela, ele era tudo, sua existência era a existência do marido, uma devoção insana e meio psicótica. Ela sentia o pulso da casa, quando se encostava nas paredes, uma simbologia da simbiose.

Nesse sentido, sem levantar bandeiras, pensemos um pouco nas condições da mulher, “essa espécie ainda envergonhada”, como diz Adélia Prado em Licença Poética, vista como objeto pelo marido, como um corpo que pode gerar o que ele deseja, como alguém que o ame indiscriminadamente, sem nome, sem identidade, sem desejos próprios, sem escolhas, sendo guiada pelas obrigações e pelo amor adoecido.

Ela entregue nas mãos de um narcisista incontido, ele apenas amando o amor que ela sente por ele, tudo isso apresentado em “pratos” delicados, regado a molho de sorrisos e pequenos abraços, para fazer uma analogia a indigestão que vem a todo tempo ao longo da película. Condição de muitas mulheres ainda, a de objeto, ponto final neste assunto, que isso é polêmico. Tem ainda quem faça das “tripas coração” e o entregue cegamente a qualquer “amor” que aparece disfarçado de ideal, em algumas cenas aparece essa representação em forma de uma pedra estranha, brilhante, parecida com um coração, que fica exposta na prateleira de uma estante da casa, bonita, mas sem vida.

Podemos parar para pensar que buscamos o ideal, mas sempre iremos nos relacionar com o real, ou encaramos isso ou seguimos na fantasiosa e histérica busca pelo perfeito. Teria mais coisas para dizer, mas honestamente é difícil até de organizar a escrita sobre esse filme, há gente bem mais competente nisso, então, termino aqui pensando em mais um ponto, a palavra e seu poder, para o bem e para o mal. Eu, que sou dada a poesia, gosto de escrever e publicar meus ensaios com os versos, sempre fico às voltas com o que isso pode provocar no interior das pessoas, porque em mim, faz um reboliço.

A palavra chega nua, e há quem vista nela suas roupas, para outros ela deve ser despida, para o poeta do filme o importante era ser adorado a qualquer preço. (sabe-se lá o que ele escrevia!) Nós só existimos na presença do outro, em certa medida todos somos narcisistas também, uns mais outros menos, mas acho que cabe a pergunta aqui: O que de fato queremos do outro com o qual nos relacionamos? Pretendemos, reconhecimento por nossos atos de amor, dedicação, cuidado? Sermos chamados pelos nossos nomes, sabendo que isso nos diferencia de todas as outras pessoas e assim nos torna, de novo, únicos para alguém? Queremos possivelmente o devido respeito e apoio aos nossos desejos, causas, iniciativas e sonhos? Queremos ser vistos em nossa individualidade mesmo que não estejamos sozinhos? Queremos ser adorados? Queremos alguém ideal? (Em tempo: vamos acordar! isso não existe!). Claro, são apenas rasas hipóteses, pois há sempre algo mais profundo que talvez nem saibamos ainda, com diz Dr. Freud:

“Como devemos chegar a um conhecimento do inconsciente? Certamente, só o conhecemos como algo consciente, depois que ele sofreu transformação ou tradução para algo consciente. A cada dia, o trabalho psicanalítico nos mostra que esse tipo de tradução é possível.” 

O que nós queremos do outro? 

Eliana Holtz - Pedagoga, Psicopedagoga com formação em Letras por escolha e poetisa e Psicanalista por amor a palavra. Obras publicadas em Antologias Poéticas: “Casa lembrada, Casa perdida” - Editora AG; “Sentido Inverso” -Editora Andross; “Palavras Veladas” -Editora Andross. Livro Banco de Talentos/FEBRABAN. Conceioneiro para a Língua Portuguesa-Portugal: “Se eu fosse lua, fazia uma noite”. Antologia Poética da Câmara Brasileira de Jovens escritores-RJ. “Além da Terra, além do céu” - Editora Chiado Portugal/Brasil; Casa brasileira de Jovens escritores- RJ- “Os mais belos poemas de amor”. É brasileira, natural de São Paulo, Capital.

Trailer do filme