domingo, 30 de novembro de 2014

ÁLBUM DE FAMÍLIA (August: Osage County)

de Olivan Liger

O filme do diretor John Wells teve duas indicações ao Oscar, Meryl Streep como melhor atriz e Julia Roberts como melhor atriz coadjuvante.
O cenário são as pradarias do condado de Osage em Oklahoma, Estados Unidos. Superfícies planas e secas. Agosto: condado de Osage é o título do filme. Um filme duro, seco e quente como um verão nas pradarias de Oklahoma, onde se confirma a natureza destrutiva do ser humano e através dessa natureza destrutiva e auto-destrutiva, histórias se constroem, vínculos se perpetuam.

Como o título em português, o filme vai nos revelando os traços, a história construída e segredos da família, como se folheássemos um álbum onde cada foto nos revela a história da construção dos vínculos que (des)unem os personagens desse filme.
-”A vida é muito longa” (T. S. Eliot) é a frase que Beverly, o patriarca, fala no início do filme e começa a narrar a sua história. Pouco a pouco, vamos entendendo que a vida é muito longa, quando se abre mão do desejo. Bev é casado com Violet, um casamento que segundo Bev - “Foi nosso acordo; um parágrafo do contrato matrimonial. O fato é que minha esposa toma pílulas e eu bebo”, ou um casamento de sintomas mediado pela predominância da escolha narcísica de objeto em ambos. Ainda na narrativa inicial, Bev fala para a empregada, Johnna, que está contratando para tomar conta de Violet: - “Os livros como meu último refúgio”. Abrir mão do desejo implica na impossibilidade do investimento libidinal nos objetos e confronto com o indizível do real, a falta. A bebida e escrever poesias são aquilo que condensou tudo o que restou do desejo e encobriu a falta em Bev.
Violet ingere todo tipo de pílulas e no decorrer do filme, fica claro a sua dependência química instalada há anos. Tem um câncer de boca que curiosamente nos sugere a ligação com o oral, com a fala e a palavra. Fala para a filha mais nova Ivy: - “Minha boca está ardendo para caramba, minha língua está em chamas”- significantes que traduzem o seu veneno e o quanto vai tentando destruir cada um a sua volta, de forma ferina e cruel, como um dragão que cospe fogo e destrói tudo ao seu redor, mas ao destruir o outro, se destrói.

O casal tem três filhas, a mais nova Ivy, a filha do meio Karen e a mais velha Bárbara. Cada uma das filhas usou de defesas próprias contra a disfuncionalidade da própria família onde encontramos um homem/pai depressivo, alcoólatra e desistente da vida e uma mulher fálica, controladora, viciada em medicamentos e dominada pela pulsão de morte, evidenciada na sua agressividade contra si mesmo e principalmente contra todos à sua volta. Ivy é a filha que vive e cuida dos pais, na tentativa de ser reconhecida e amada, de deixar de ser o lixo da mãe. Karen, uma mulher madura porém regredida que se comporta como uma adolescente todo o tempo e que encontra no perverso Steve, 10 anos mais velho, a idealização do homem perfeito que casará e passará a lua-de-mel em Belize, seu único objetivo de vida. - “Eu vivo o agora”, este é o mote de Karen, como uma adolescente perdida e apaixonada. Bárbara, segundo a descrição do marido que a traiu com uma mulher bem mais jovem, razão de estar separada desde então: - “Você é tão moralista, você é atenciosa, mas não é acessível. Você é ardente, mas é dura”, é a filha que foi favorita do pai e que “bate de frente” com a mãe. O significante “bate de frente” faz jus ao ataque à mãe durante o jantar do funeral de Bev, o qual planeja e cumpre o suicídio. Bárbara tem uma filha adolescente que fuma maconha e que reproduz na sua relação com a mãe, a relação de Barb com Violet.

Outros personagens rodeiam a família nuclear do filme, a irmã de Violet, Mattie Fae, seu marido Charlie e o filho Little Charlie. Esta família imita a família nuclear. Uma mulher fálica que inferioriza o filho todo o tempo, tratando o como um deficiente. Little Charlie tem algo em comum com Ivy, tenta todo o tempo ser perfeito para responder a demanda da mãe e assim ser reconhecido, se identifica com o pai afetivo, mas sem força de lei.
Assim, Violet, Barb e Mattie Fae são desenhadas como mulheres duras e fálicas.
O jantar do funeral é um dos pontos cruciais do filme. Violet, sob efeito de medicação, faz todo tipo de ataque violento a cada um dos membros da família. Fala da infância difícil dela e do marido: - “Este é o nosso problema. Tivemos uma vida difícil demais”. Sugere que o mundo lhe deve algo, lhe deve honras pela história difícil, lhe deve reconhecimento, lhe deve autoridade. Escancara-se nesse momento a luta pelo poder, pelo falo entre ela e a filha Barb. Não é uma mãe, exceto pela condição biológica, é uma competidora a quem a filha se identificou. Barb a ataca fisicamente para tomar-lhe as pílulas e diz - “Eu é que mando agora”. Violet nos reporta ao mito de Chronos, que nunca deixa seus filhos assumir o trono. Quando estão prontos para assumir o trono do rei, este os devora para nunca permitir a circulação do falo.

Numa conversa entre irmãs, vai se desvendando segredos como a histerectomia de Ivy devido a um câncer e sua relação afetiva com Little Charlie. Ivy é o bode expiatório da família, o lado frágil que não conseguiu deixar o ninho, o sintoma familiar, e sonha abandonar tudo aquilo em troca de uma vida de amor com Little Charlie em Nova York. Ninguém quer a responsabilidade de cuidar da mãe tirana e cruel e nessa conversa, se referindo ao vínculo com as irmãs, Ivy diz: - “Não sinto que seja uma ligação muito forte.” Um engano do sentir... uma verdade se idealizarmos relações amorosas e suaves como única forma de criar vínculos, mas os vínculos se fazem de outras formas, com afetos como raiva, medo, submissão e destrutividade. É uma ligação forte, muito forte que até então foi regida com maestria por Violet e Bev. Ligação forte pela competitividade da mãe e filha, pela tirania da mãe sobre as filhas, pela demanda por um pai ausente e submisso que interdite a mãe, imponha a lei e faça o falo circular. Ligação que transcende o espaço e o tempo, pois mesmo distante Karen busca o pai capaz de valorizá-la em Steve, de quem espera ser a escolhida para o casamento e uma lua-de-mel em Belize. Presas pela história todos são regidos pela compulsão à repetição da pulsão de morte.

Numa cena seguinte, Charlie repreende Mattie Fae pela sua destrutividade em relação ao filho, única cena que se faz lei. E mais uma parte da história vai se revelando quando Mattie conta a Barb que Little Charlie é irmão dela e não pode estar envolvido com Ivy. Little Charlie é a lembrança viva de um deslize, de uma imperfeição, de uma traição da mãe, por isto precisa ser combatido, destruído tão cruelmente. É o rastro de uma falha que precisa ser apagado. É o obstáculo ao recalque que faz da lembrança, o ato vivo que se presentifica todo o tempo para Mattie Fae.
Como uma chama de vela que vai se tornando uma tocha e iluminando toda a história, os segredos e as patologias de cada um vão aparecendo. Há uma permanente ameaça a integridade psíquica e física dos membros dessa família. Jean, 14 anos, filha de Barb fumando maconha e aceitando o assédio do perverso Steve são testemunhados pela empregada. Karen, usa da defesa de negação para não desmantelar a sua idealização de Steve como um homem bom que a escolheu. Prefere sustentar a ilusão do casamento e a lua-de-mel em Belize a admitir a estrutura perversa de Steve. É o que lhe resta pois não foi a favorita do pai e é ignorada todo o tempo pela mãe. Saem assim da história.
No momento seguinte, Ivy decide contar para Violet sobre seu namoro com Little Charlie e Violet lhe diz que são irmãos, que sempre soube disto. Uma vitória para Violet que se mostra no controle todo o tempo, nada lhe passa oculto, está sempre um passo adiante de todos. Parece não perceber o desmoronar da filha frente a verdade de que seu amado é seu meio irmão. Goza por mostrar seu controle, seu sintoma, mas se trai ao deixar escapar sobre o bilhete que Bev lhe deixou antes de morrer, no qual lhe contava o hotel que estava e sua intenção de suicídio. Violet nada fez para impedir. Primeiro foi retirar todo o dinheiro do casal no cofre do banco e quando ligou para o hotel, Bev já tinha partido no seu barco para morrer afogado no lago. Queria se livrar da presença masculina para que triunfasse o seu poder feminino? Para Bev, a vida era longa demais. Para Violet, a vida parecia curta para dominar a todos e a tudo. Tenta responsabilizar Barb pelo suicídio do pai que ressentido do seu abandono, abandonou o estatuto de sujeito desejante. Era Bev o duplo do espelho que ameaçava o trono narcísico de Violet? Ou diante de sua resignação a submissão, deixou de ser importante para desafiar Violet? E na sua onipotência narcísica, Violet diz - “Quando não restar mais nada, quando tudo se for e desaparecer, eu estarei aqui.”

E quando nada mais restou e todos se foram, Violet estava lá para se render nos braços acolhedores da empregada Johnna, com quem não precisa competir, com quem não se sente ameaçada e desafiada a mostrar seu controle e poder, para quem a sua fragilidade e solidão não são armas usadas contra si.
Poderíamos entender a necessidade de controle e poder de Violet como a defesa ao delírio persecutório decorrente de anos de dependência de medicamentos ou ainda refletir acerca de uma forma de assegurar o não retorno a uma história de vida miserável e cheia de sofrimentos.

Assim é um álbum de família, onde registros indeléveis das mazelas de cada um aparecem nas fotos envelhecidas e desvanecidas pelo tempo e a história vai se construindo a cada foto/cena e mostrando a condição humana de destrutividade e angústia como elementos estruturantes e vigentes.

trailer oficial


Olivan Liger, psicanalista, presidente do ILPC - Instituto Latino americano de Psicanálise Contemporânea, analista e supervisor institucional. Autor da obra: "Um olhar psicanalítico sobre a contemporaneidade e suas emergências" - Ed. Livre Expressão, RJ.

domingo, 16 de novembro de 2014

Relatos Selvagens (ou simplesmente atuais?)

de Priscilla Cheli
Dividido em seis histórias, com começo, meio e fim, Relatos Selvagens, traz uma reflexão a cerca de questões mais que atuais, com as quais nos deparamos todos os dias, seja por meio de uma notícia de jornal, seja por algum personagem da vida real.


As histórias se dão em contextos diferentes, porém, em seu âmago, trazem a vingança e a violência como protagonista, nos convidando a refletir sobre a ética de cada um e nos colocando diante da pergunta: “o que você faria se...?”
Num estilo tragicômico, o filme, dirigido pelo argentino Damian Szifron e produzido pelo espanhol, Pedro Almodóvar, tem uma configuração diferente da que estamos habituados a assistir. Seis histórias que não se cruzam, não se excluem, e nem se contradizem, mas que em sua efemeridade, tocam a singularidade da ética de cada um que as assiste.
Tal como o formato que o filme se apresenta, tentarei fazer um breve relato das histórias, ressaltando seus pontos cruciais, separadamente.
1 - Fazendo uma alusão aos casos de meninos que abriram fogo em escolas americanas, Gabriel, comissário de bordo, reúne em um vôo, todos aqueles que ele julga serem seus malfeitores e leva a aeronave à queda.
2 - Uma garçonete se depara com um cliente que arruinou sua família e está pleiteando um cargo político. Sua colega de trabalho sugere que o envenenem. Eis o dilema!
3 - Um homem, dirigindo seu carro de luxo, tenta ultrapassar outro homem, num carro caindo aos pedaços. No momento em que consegue, abre o vidro e o xinga. Minutos após a ultrapassagem, seu pneu fura. Ele se surpreende com a chegada daquele que ele outrora agrediu, pronto para lhe dar o troco. A clássica cena de briga de trânsito, que traz com ela, nesse relato, a arrogância versus a fragilidade do homem rico, tal como a fúria e a ira que aparece no homem pobre, quando os dois se encontram numa situação de igual para igual.
4 – Um engenheiro especialista em implosões se vê vítima do sistema de trânsito, e após tentativas de ser ouvido sem sucesso, resolve criar uma explosão no pátio de estacionamento para veículos guinchados, lugar para aonde seu carro havia sido levado. Ele acaba se tornando uma celebridade nos noticiários pelo ato que talvez muitos tenham vontade de cometer.
5 – Filho de um milionário sai com o carro do pai, atropela uma mulher grávida e foge. Os pais, para pouparem seu filho da responsabilidade, têm a ideia de sugerir que o caseiro, em troca de dinheiro, assuma o crime. Essa trama aponta a corrupção da polícia, a “esperteza” de alguns advogados, e o dinheiro como uma forma de escapar da lei.
6 – Noiva descobre traição do marido durante sua festa de casamento, entregando-se ao deleite de ameaçá-lo e vinga-se de um modo que seu sofrimento seria muito maior que o dela.
Esse filme ressalta, pelo menos para mim, dois possíveis caminhos para percorrermos. Um nos leva a reflexão sobre o inusitado e a resposta que dele advém quando a palavra não é convocada. O outro, nos coloca em direção de olharmos para a responsabilização de cada um diante de sua própria singularidade.
Podemos observar que o inusitado se une à urgência de uma escolha, onde os envolvidos não têm espaço para ponderar, argumentar, problematizar ou relativizar. Com a subtração da palavra, o ato se impõe. A certeza entra onde a palavra é subtraída. A palavra traz consigo a possibilidade da dúvida, e no filme, o que suscita é que na ausência dela, da palavra, aparece o que o autor nomeou de selvagem.
A lei do mais forte é o que rege a lei da selva, pelo menos é isso que sempre ouvimos falar. Neste caso, podemos pensar que a palavra é a possibilidade que temos de mediar o selvagem, o selvagem do próprio gozo.
Outro ponto a ser destacado diz respeito àquilo que psicanalistas, filósofos, educadores, entre tantos outros, se dedicam, ou seja, sobre o tempo em que vivemos. Sabemos que com a queda de uma sociedade paternalmente orientada, onde as leis eram mais claras, definidas e delimitadas, e portanto, os sujeitos tinham modelos socialmente admirados a serem seguidos, hoje nos deparamos com perguntas mais singulares, ou seja, como cada um se coloca frente às contingências.
Surge assim, a formação de uma nova ordem simbólica. Se antes éramos orientados pelo falo, e hoje não mais, quais seriam os efeitos desta nova ordem simbólica?
Um deles, sem dúvida, é a gama de opções e possibilidades que se apresentam a cada um de nós. Hoje podemos questionar mais livremente e escolher um caminho, bem como elegê-lo como uma direção a ser seguida. Mas não podemos nos esquecer que as angústias, frente a tantas possibilidades, podem ser proporcionais às opções. A falta da orientação falocêntrica implica necessariamente na responsabilização frente às angústias, prazeres e conseqüências advindas das escolhas e posicionamentos de cada um.
O filme nos coloca frente a essa questão de maneira direta e nos tira o riso justamente quando cada espectador se encontra com o seu próprio gozo. O que você faria em cada situação apresentada? O que justificaria, para você, tirar a vida de alguém? Para ser ouvido por um mundo surdo, vale uma transgressão? Ou ainda: por um filho, vale incriminar alguém?

Seriam horas e horas de discussão que provavelmente não nos levaria a Um lugar, afinal, Lacan bem nos disse: a Verdade não existe. Portanto, só nos cabe interrogar a nós mesmos, um a um, a respeito daquilo que suportamos de nossos próprios atos, se podemos nos responsabilizar por eles e, por fim, o quanto podemos suportar de nossa própria singularidade. Aliás, papel esse ofertado pela escuta psicanalítica.
Trailer Oficial do Filme

Priscilla Cheli é psicanalista com pós-graduação em psicologia clínica pela PUC-SP.

domingo, 2 de novembro de 2014

Garota Exemplar (?)

de Fernanda de Barros Miranda

Não é exagero eu dizer, que desde o maravilhoso longa de Almodovar: "A pele que habito", um filme não me deixa tão pensativa, tão angustiada, e por que não dizer com tanto medo.

"Garota Exemplar, adaptação do livro de Gillian Flynn, que por sinal é roteirista do filme, traz o suspense e as manobras que os fãs de David Fincher já estão acostumados a ver em série como "house of cards", ou grandes sucessos de bilheteria como a trilogia "Millenium", ou "O curioso caso de Benjamin Button".

Amy Dunne interpretada pela linda Rosamund Pike, é a filha, esposa, e personagem exemplar... No dia de suas bodas com o marido Nick (Ben Affleck), ela desaparece deixando-o como principal suspeito, ao mesmo tempo que ele se angustia por seu paradeiro.
Às voltas com o "crime", que parece ser o foco central do filme, vai desenrolando o que pra mim é o cerne do enredo em si. Ser exemplar, remete-se a pergunta, exemplar pra quem? E isso nos faz pensar numa posição sedimentada pelos ideais paternos, ideais da cultura e da sociedade.
Até aí nenhuma grande novidade, vários filmes (até os mais charlatões de Woody Allen) já trataram do assunto, mas o ousado olhar desse longa é o que está por detrás de tanto "exemplo", o que fica recalcado, negado, ignorado por quem busca ser exemplar e quão assustador e perigoso pode ser quando tudo isso vem a tona de uma pessoa que não conseguiu escapar desse aniquilador ideal.

Ser exemplar, é a representação da mais pura recusa à castração. No caso de Amy, ela se mostra um indivíduo (porque talvez seja impossível se referir a um sujeito) tão perfeito e completo, que é incapaz de aceitar as frustrações e decepções causadas por perda de emprego/ dinheiro, o fim de um casamento que parecia ser perfeito aos olhos da sociedade, e de uma vida simples e suburbana longe de Nova Iorque.

Nos faz pensar que "tentar", (e digo tentar porque a meta é inatingível ) corresponder a esses ideais paternos, é antes de mais nada a impossibilidade de se tornar sujeito de si mesmo. A saída é a psico ou sociopatia, e esse estado se faz assim tão atormentador, tão assustador.
O psicopata tem em si plena capacidade de convívio social, mostrando-se cortez, simpático, amabile... Tudo faz parte de uma enorme edificação psicológica para seu grande e perverso projeto.
A mentira é das armas mais venenosas que esse tipo de pessoas faz uso, e o que estão em volta, se uma vez dentro dessa mentira, dificilmente sairá dela. É um espiral concomitante de medo, raiva, aprisionamento, que vai fazendo aos tubos vítimas fatais.

"Garota exemplar" é o lado sombrio de cada um de nós, e por que não seria de quem está aí nesse momento, bem ao seu lado?
A nós pobres mortais, a sorte de não sermos tão exemplares assim.

Trailer do filme

Fernanda de Barros Miranda é Educadora física, Naturopata e Psicanalista. Membro da rede de atendimento do Centro de Estudos Psicanalíticos - CEP.