domingo, 2 de janeiro de 2011

Um caminhar no entre

de Henrique Senhorini

Caminhar no pontal de Corumbau, em direção à África,
é viver uma experiência única, singular
Algo como, penso que seria, um caminhar entre
o Consciente e o Inconsciente

...entre as bordas do Real, 
do Simbólico e do Imaginário

...entre a fantasia, o delírio e a realidade
...entre a razão e a des-razão
...entre a lei do desejo e a lei moral

Algo como caminhar na terceira margem do rio
entre o questionamento e a resposta pronta
entre o oito e o oitenta
entre os ditos e não ditos
entre-ditos e inter-ditos
entre os bem-ditos e os mal-ditos
entre o tu deves e o tu não deves
entre o infortúnio e a fortuna
entre o horror e a sublimação
entre o de-mais e o de-menos
entre o sentido e o sem-sentido
entre o lógico e o i-lógico
entre o mundo e o i-mundo
entre a falta e o nada
entre o ato controlado e o ato falho
entre o dizer bem e a arte de bem dizer
É no entre o céu e o inferno que se encontra o paraíso?

Nota: na língua pataxó, Corumbau significa algo como “longe de tudo”.