de Rainer Kaufmann
pelo olhar de Karin de Paula
Na forma de um Witz, de uma palavra espirituosa, Kaufmann estabelece uma coreografia na qual um elemento de valor emblemático(fálico) –no caso os mais belos peitos do mundo- circula e, por onde passa, causa interferências determinantes para posição de quem o detém;
Um chiste que coloca uma questão sobre nossa posição sexuada e de como esta determina uma forma de ex-xistência;
No início, vemos situado no mundo corporativo (fálico) um homem e uma mulher que se encontram num elevador: ele devidamente fumando um charuto e ela exibindo um par de peitos exuberantes. Tudo “nos conformes”, se considerarmos símbolos estigmatizados que por tanto tempo marcaram a posição do homem e da mulher na modernidade;
Ele o empreendedor, fálico, interferindo no circuito produtivo da indústria e do mercado, lançando olhares às bundas e aos peitos que desfilam pelo mundo, perguntando a outros homens onde encontrar as mulheres depois do expediente...
Ela, uma secretária sedutora, que lança olhares sedutores aos empresários japoneses em questão, buscando intervir assim na persuasão do cliente, completando a imagem de seu chefe tão pouco viril; mas é claro, quando olhada por um homem no elevador, recolhe-se, quase ofende-se... Poderíamos dizer com Charcot: “A bela indiferença histérica” ...
Ela, uma secretária sedutora, que lança olhares sedutores aos empresários japoneses em questão, buscando intervir assim na persuasão do cliente, completando a imagem de seu chefe tão pouco viril; mas é claro, quando olhada por um homem no elevador, recolhe-se, quase ofende-se... Poderíamos dizer com Charcot: “A bela indiferença histérica” ...
Assim, ela é o falo/ proposição histérica que traz a questão do desejo para pauta do dia;
De repente, um fato surreal subverte a ordem das coisas: num novo encontro no elevador entre tais personagens, em meio a sedução e olhares, os peitos da jovem passam para o corpo do galã! OH!
De repente, um fato surreal subverte a ordem das coisas: num novo encontro no elevador entre tais personagens, em meio a sedução e olhares, os peitos da jovem passam para o corpo do galã! OH!
A partir daí, assistimos os efeitos deste insólito fato: sem seus peitos, ela vai tornando-se aos poucos cada vez mais fálica, apresenta-se desde outra posição frente ao mundo dos business, não mais seduzindo, mas imputando à cena números, contratos, negócios significativos realizados para sua agencia, desbancando o amante intelectual nabokoviano... É tão caricato que levanta a questão de sob quais condições a mulher acaba por se tornar homem buscando um lugar mais qualificado no mundo... Alternativa não menos histérica que a anterior para a questão...
Do lado dele, aqueles peitos... Curiosamente, tal excesso o deixa em falta, não pode ir a sua reunião de trabalho, seguir com sua agenda. Pensa em retirá-los, mas nem mesmo o cirurgião plástico resiste aos seus encantos...
Os peitos, agora nele, o torna objeto dos olhares, objeto do desejo e sedução de mulheres, jornalistas, professoras e cientistas. Aos poucos, tal circunstância o conduz para uma posição cada vez mais sedutora, histérica, oferecendo-se como o que completaria o outro, ou seja, como falo;
As cenas espirituosas não deixam de fazer surgir o caráter polimorfo e significante das determinações da sexuação no/para o humano;
Novo esbarrão no elevador: a troca é desfeita, as coisas voltam a certos lugares menos insólitos... Mas será que como DANTES?????
Os Mais Belos Peitos do Mundo - completo
Karin de Paula é Psicanalista, Mestre e Doutora pela PUC-SP, Pós-doutoranda na Paris 7, professora na universidade e em curso de formação de psicanalistas. Membro fundadora do umLugar – Psicanálise e Transmissão. Autora dos livros “$em – sobre a inclusão e o manejo do dinheiro numa psicanálise”, Ed. Casa do Psicólogo e “Do espírito da coisa - um cálculo de graça”, Ed. Escuta.
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