quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Dama da Lotação

por Rodolfo Coelho


Uma visão mais concreta do poeta urbano.

Solange...
Solange começou a trair Carlinhos quando pegou a carteira de cigarros e
fumou um "Parliament".
Tragada lenta e demorada. Depois pegou um Copacabana-Pavuna
e deu pra toda Rio de Janeiro, até o sogro comeu.
O marido, a besta do Carlinhos se enterrou em vida num apê em Cosme Velho. E o Caetano repetindo: “Eu não sou cachorro não, a gente não sabe onde põe o desejo...”
Solange foi ao psicanalista por indicação do Assunção, que também comeu, mas não adiantou picas, ou muito pouco.
Mesmo com o marido enterrado em casa, Sônia Braga transa com Paulo Vilaça em pleno Arpoador. E não juntou gente. As cenas iniciais com ônibus são bacanas. É o prenúncio da loucura que só Nelson Rodrigues sabe mostar.
E não é por acaso que é numa garagem de ônibus que Solange tem um pesadelo. Lotação no Rio é ônibus em São Paulo?
E trocador é cobrador?

Rodolfo Coelho, poeta urbano, é autor de seis livros:
RuAugusta com Creme – O Lobo Mau da Rua Augusta – Táxi e Outros Poemas Inéditos –
Salada Paulista - Ignição – Poesia 100 Filtro

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